O que é KYC e qual a importância para sua startup?

Toda organização precisa conhecer bem os seus clientes para conseguir crescer de maneira sustentável. Ao contrário do que muitos acreditam, a importância desse conhecimento vai muito além da parte comercial. Por isso, é essencial ater-se às práticas de KYC.

A sigla se refere ao termo “Know Your Client”, que significa “Conheça seu Cliente”. O conceito propõe uma compreensão aprofundada sobre os consumidores, com foco na construção de uma relação mais transparente.

Quer entender melhor o que é esse procedimento, como ele se relaciona à política de compliance e governança, além dos impactos que pode gerar à sua startup? Confira tudo o que você precisa saber sobre o tema a seguir. 

Primeiro passo: O que significa KYC? 

É importante ter em mente que o processo se refere a um conjunto de práticas e estratégias usadas pelas companhias para agrupar o maior volume possível de informações sobre seus clientes.

O grande objetivo é avaliar o risco das escolhas desses compradores. A partir disso, a empresa consegue assegurar mais qualidade e segurança durante seu atendimento. Entre as possibilidades que o conceito oferece, destacam-se:

  • Avaliar a aderência de determinados perfis aos produtos e serviços ofertados;
  • Confirmar a identidade dos seus usuários e evitar falsidade ideológica;
  • Identificar perfis fraudulentos;
  • Analisar suspeitos de envolvimento em práticas de lavagem de dinheiro;
  • Garantir que as fontes de renda do consumidor são legítimas;
  • Entre outras.

Como você pôde ver, o KYC é usado principalmente por indivíduos jurídicos expostos a crimes financeiros. Esse é o caso das grandes organizações, startups, fintechs, instituições financeiras, entre outras. 

Na legislação brasileira, o procedimento é regulado pela Lei 9.613/98 (Art. 10º, que trata sobre a prevenção no uso do sistema financeiro para fins ilícitos) e pelo Normativo SARB 011/2013 da Febraban (a partir do Art. 13º). 

Como o KYC se relaciona com a compliance e a governança corporativa 

Como você verá a seguir, o KYC agrega inúmeras vantagens aos negócios. Contudo, o principal resultado da sua aplicação é o fortalecimento do compliance e da governança corporativa.

Basicamente, a governança engloba todas as práticas necessárias para solidificar a empresa. O que alinha seus interesses aos de todos os stakeholders internos e externos, bem como aos dos órgãos de regulação e fiscalização.

Já o compliance se refere à conformidade propriamente dita, tanto com a legislação, quanto com os regulamentos do negócio. Seu foco está na promoção de uma cultura transparente e ética, que visa adequar processos e prevenir riscos.

Podemos dizer que, apesar de diferentes, os dois conceitos se completam. Afinal, juntos eles agregam mais confiança, responsabilidade e legalidade à gestão, favorecendo seu posicionamento no mercado.

As políticas desses segmentos e podem envolver inúmeras ações. O KYC visa estruturar todas elas. Seu foco está na identificação das informações necessárias para garantir o cumprimento da lei sob a perspectiva de monitoramento dos consumidores.

Qual seu impacto na minha startup? 

Conforme citado, entre os principais ganhos gerados pelo procedimento, está a conformidade da empresa com as normas e legislação, bem como o alinhamento de boas práticas entre seus stakeholders.

A partir dessa questão de conformidade, a implementação do Know Your Client ainda gera outros benefícios estratégicos. Entre os principais, destacam-se: 

Prevenção a riscos de vazamento de dados

Por mais protegido que seja o banco de dados de uma empresa, sempre há riscos de fraude financeira, vazamentos de registros, transações ilícitas, entre outras ameaças que prejudicam as operações, comprometem o compliance e afetam a imagem do negócio.

Mais que mitigar esses problemas, o KYC é voltado à sua prevenção. O foco está em monitorar a coleta de dados dos compradores e otimizar a análise de suas transações, cruzando informações e padrões que permitam agir de maneira preditiva contra vazamentos

Otimização de lucros

Por meio da supracitada análise de risco e sua prevenção, a corporação minimiza suas chances de prejuízos com fraudes e outras irregularidades. Inclusive, esses riscos deixam de ser repassados na forma de taxas e juros. 

Dessa maneira, os lucros são otimizados. Afinal, ao mesmo tempo em que elimina desperdícios de recursos financeiros com situações irregulares.

Mapeamento de nicho de clientes

As práticas de KYC não são restritas à governança e ao compliance. Na verdade, entender as pessoas físicas que formam a base do empreendimento é essencial para guiar todas as suas ações. Isso vai desde o marketing, até o atendimento e vendas. 

Com um perfil delimitado de novos consumidores, há mais assertividade para aprimorar as interações da marca, engajar o público, melhorar a qualidade de serviço, entre outras melhorias que contribuam para a retenção e fidelização da clientela.

O KYC junto a lei de proteção geral de dados 

É praticamente impossível negligenciar o papel da tecnologia com o KYC. Afinal, a automação hoje torna o processo mais rápido, assertivo e acessível.

Após realizar a classificação de riscos, os sistemas automatizados apontam e detalham o grau de risco do usuário, apontando se é viável ou não liberar o acesso a determinados produtos.

Além disso, o procedimento aliado às novas ferramentas permite mapear o perfil dos nichos de atuação com precisão. Assim, determina quais soluções se adequam às suas demandas e auxilia na definição de ofertas bem-sucedidas. 

Apesar das inúmeras possibilidades, tanto para eliminar negociações de alto risco, quanto para otimizar a tomada de decisão, é fundamental lembrar-se que os dados tratados são de cunho pessoal e privativo.

Sendo assim, é imprescindível que todos os processos ligados ao KYC estejam alinhados à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD – Lei n° 13.709/2018), que é o principal marco regulatório sobre o tema. 

Entre as suas determinações, cabe a elaboração de termos de uso claros, para que os indivíduos saibam exatamente como seus registros serão utilizados. Além disso, essas informações não podem ser coletadas ou compartilhadas sem a sua autorização. 

Como a legislação visa justamente resguardar os arquivos dos cidadãos, outra responsabilidade é adotar todas as medidas cabíveis para que as informações não sejam vazadas ou utilizadas indevidamente. 
Quer entender melhor as determinações da LGPD, como alinhá-las às suas práticas de KYC e agregar mais transparência frente ao mercado? Continue acompanhando os assuntos mais atuais e relevantes da área jurídica no blog da Koboldt Advogados!

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